Quando surge, o que nem é raro, tomba muito espesso e envolvente o nevoeiro à beira-Tejo.
Era um desses dias brumosos em Santa Apolónia.
O som de um navio abafou, grave e longo, o ruído da estação de comboios. Estridente, o apito de partida pôs-me em movimento.
Acenávamos e ainda ecoavam na minha memória as nossas últimas palavras na plataforma, trocadas antes de eu ter embarcado no comboio de regresso ao Porto:
- Não compreendo porque insistes em replicar a vida do personagem do teu livro.
- Talvez eu tenha sido ele - respondi.
Luis Miguel Novais